Abolição

Negro bem-sucedido ainda é exceção nas novelas
No dia da abolição da escravatura, especialista comenta sobre papel do negro na TV

Adriana Macedo, do R7.Texto: ..
Marcio Nunes/Globo
Lázaro Ramos vive galã rico e pegador em Insensato Coração
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...A escolha do ator Lázaro Ramos para viver um galã, desejado por todas as mulheres, rico, bem-sucedido e que trabalha como designer numa grande empresa, em Insensato Coração (Globo), foi apenas um primeiro passo no sentido de minimizar o preconceito que o negro ainda vive na televisão brasileira.

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Essa é a avaliação de Daniel Martins, mestre em Sociologia pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), que falou ao R7 em função dos 123 anos da abolição da escravatura no Brasil, comemorados nesta sexta-feira (13).

Para ele, o estranhamento que um ator negro causa na sociedade, interpretando esse papel, ainda mostra que estamos longe de uma situação igualitária entre negros e brancos.

- O ator Lázaro Ramos já viveu um “pegador” na série Ó Paí Ó (Globo), mas lá não causou estranhamento, porque ele estava num contexto em que é comum o negro estar. Agora, um personagem negro bem-sucedido na zona sul do Rio de Janeiro e ainda na profissão de designer gera toda essa polêmica.

A opção de Gilberto Braga de não tocar na questão racial do personagem, para Daniel, é falha, pois ele acredita que é necessário entrar no assunto, sim.

- O autor tem que mostrar que o negro sofre preconceito, até para ajudar na conscientização. Ele deveria criar pequenas situações do dia-a-dia em que a André passe por discriminação para suscitar a discussão sobre o assunto.

Mas, sem dúvida, a atitude do autor da novela abre precedentes para outros autores deixarem de dar apenas papeis de empregados e escravos para os atores negros.

- O ideal é chegarmos numa situação em que se escolherá o ator negro pelo seu potencial enquanto artista, independente do papel que irá representar. O ator Milton Gonçalvez, por exemplo, é muito bom para fazer apenas escravos e empregados nas tramas.

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